Muitas pessoas devem a grandeza de suas vidas aos problemas e obstáculos que tiveram de vencer. Neste dia, um momento crucial e fechamento de ciclo na minha vida. Este homem caminhava ao meu lado. Estudávamos juntos, trabalhávamos juntos. Havia cumplicidade em tudo. Tinha sido um encontro. Uma amizade. Um amor para sempre… Era Edgard e Angela. Sempre! Um sempre tão breve. Foi abreviado por um trágico acontecimento. Mas eita! Deixemos estas coisas tristes de lado. Vamos recordar o passado bom. A saudade boa. Não quero uma gota de lágrima na minha auto-biografia. Quero contar tudo que eu puder. Sem esconder nada. Mas preciso omitir alguns fatos. Sinceramente! Não vejo necessidade de trazer de volta tristezas, amarguras ou tragédias. Peço a licença de me ater apenas aos fatos bons e gostosos de ouvir ou ler. Pois bem! Ele viajava sempre. Ia para Rio de Janeiro. Ficava em Copacabana. Às vezes eu também fazia companhia. Muito raro, mas gostava de ir para o Rio.Mas ele sempre viajava para América do Norte, fazia viagens de noventa dias ou mais. Sempre me convidava. para viajar para exterior. Atravessar o mar. O oceano. Morria de medo de avião! Quando ele chegava de viagem, cheio de presentes, me contava por onde passou, tudo o que fez. Do trabalho pesado no “Sonho Americano”. Contava da neve, do gelo, do frio. Do lixo “chick” jogado na rua, Da vida sofrida dos latinos. Era muita história pra ser ouvida e contada. Os jardins maravilhosos. Ele sempre enviava cartões-postais de lugares incríveis. Mandava pelos correios: fotos, cartões, cartas lindas(românticas), mandava roupas e outras tantas coisas úteis. Neste momento da foto estávamos terminando colegial. Cheios de planos, sonhos. Existia uma magia que tornava tudo fácil, acessível. Nossa escola estadual era simples. Assim como todos nós que a frequentávamos. A gente acreditava no amor. Acreditava nas promessas de dias melhores. A gente fazia planos e planos. Logo após o magistério nos casamos. É uma nova história. Não demoro volto e conto tudo pra vocês. Por enquanto ficarei por aqui. Hoje o sono não quer chegar. As lembranças estão me visitando. Afinal, amanhã farei cinquenta e seis anos. Assim me peguei refletindo nesta fase de trinta e oito anos atrás. O tempo escapuliu pelos meus dedos. Nem vi. E hoje brincando numa roda de conversa entre parentes e amigos, pensei: e se ele ainda estivesse aqui…
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