domingo, 3 de maio de 2020

Auto bio Infância

Infância

Naquela manhã o café cheirava por toda a casa.Era fraco e bem adoçado,apropriado para o acompanhamento.
A neblina de junho ainda estava no quintal e pela rua,de onde os meninos vinham no tropêlo.
Corriam para a bacia de bolinhos de chuva na janela da cozinha da minha casa.
   Minha mãe sempre os fazia bem cedo,a meninada corria antes da aula para comprar do produto.Quem chegava bem cedo os achava,pois não davam pra uma corrida.   Sabor de sal, inimaginavelmente gostoso!
Era de um sabor ímpar,quentinho e com formatos diferentes uns dos outros,de acordo com que a massa caía da colher na gordura quente...
Na verdade não existia um preço fixo para o bolinho,a meninada levava as moedas que encontravam em casa.
Penso que era apenas pra ajudar na compra da farinha e do óleo para fritá-los.
Lembro-me bem de que tinha um beco longo,ao lado oposto da cozinha ,onde se criava galinhas e elas botavam ovos e ovos.
  A cozinha era grande e tinha dois ou três degraus para descer. Minha mãe sempre feliz e no tacho fritando e avisando para a molecada o cuidado pelo qual deviam ter do fato de ainda estarem muito quente.
Ela sorria quando saíam trocando o bolo de mão em mão para esfriar...Como eu ia contando,a mesa era de tábuas corridas bem sovadas, quase brancas,
longa,de um tamanho que eu quase não alcançava o prato de bolinhos. Era quase uma escalada sentar naquelas cadeiras.
Enquanto o fogão ardia em chamas, borbulhando os bolinhos.  E assim ia até a massa da vasilha acabar.
Quem chegava mais cedo conseguia ainda alguns pra levar ao recreio da escola.
Um fogão de cimento avermelhado,comprido.
Já quase nove horas e eu observando aquela correria na cozinha.
Minha tia sempre ajudava nos afazeres domésticos.
Ao lado,no quintal, tinha uma cisterna,onde ela buscava baldes de água e enchia vasilhas na cozinha.
O sol aparecia entre nuvens,com preguiça do inverno de junho..a memória não é muito clara,talvez eu tivesse entre cinco ou seis anos.Não consigo atinar a data específica,apenas vejo-me naquele local.
Sei também que as crianças brincavam tentando adivinhar qual bicho representava no formato dos bolinhos. Cada um tinha uma forma,de acordo com o qual caíam da colher que mãe manuseava os bichos iam criando vida.
A imaginação era tudo o que precisávamos!
    Tinha mostros marinhos,pássaros,bichos comuns,jacarés e uma infinidade de coisas que iam
germinando na cabeça de cada menino inocente.
      Porém, de todas as lembranças sobre o bolinho de chuva,tinha algo diferente...  Ninguém brigava!  Disputavam qual bicho era mais legal,qual o melhor,mas brigar?  Nunca!
     Eram manhãs de muita diversão, e elas se esticavam nas brincadeiras de casinha,cozinhadinha,bonecas,pique-pega ...
  ...E tudo era imensamente grande pra mim...