sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Capituo 4 autobio


 E a vida continuava difícil,

estava fácil pra ninguém. Muitas meninas carregavam lenha na cabeça ,outras ajudavam na lida doméstica para ajudar nas despesas da casa ,que consistia em comprar comida.

E não pensem em "comida", era arroz de terceira como diziam e no máximo! 

A pobreza rondava aquele lugar paupérrimo ,sem indústria ou qualquer outra porta de emprego. Onde o pouco era Tudo para famílias inteiras. Isto me fez lembrar de um momento único na minha vida. Naquela lida toda ,minha mãe tinha pedido que eu fosse ao açougue do senhor "Galego" e eu morria de vergonha de ir lá sem dinheiro.  O filho dele era o maior gatinho da cidade, o Ednaldo.

Pronto!   Tive que encarar! 

Afinal , a canjica de milho pura, sem gordura nenhuma, não iria ser bom.  Era necessário um osso pra liberar tutano pra engrossar o caldo para doze pessoas se alimentarem...

O açougue era bem simples: um balcão de madeira engordurada ,uns ganchos de ferro com partes de porco pingando sangue pelo chão.   Ele muito sorridente ,alegrava a freguesia com seu jeito nortista de ser.

Peixeira na mão e outra na algibeira. Diziam que era sujeito bravo.

Sei não!  Porque de tudo que me lembro ele fazia o bem. Vejam vocês que ele nem me cobrou os cambitos de porco?  Sabe o que é? Sabe?

Depois que tira a carne do pernil ,fica aquele osso de dentro...Pois é!

Era muito para quem não tinha nada.

Logicamente que foi uma fase, depois a fartura chegou e nós é que doávamos.

Às vezes até torresmo, daqueles na sacolinha.

Não posso me esquecer dos Rock's.

Claro!  Ia sempre escondida, meu pai me mataria se soubesse. Quem tinha um som em casa? Ups! Era rico!

Lembro-me de uma festinha numa tarde de domingo.  Só Donna Summer direto...concurso de dancing que eu ganhava todos.

São lembranças ...nada muito certo.

Esta festa foi na casa de um colega de nome Carlos Antônio num sobradinho na avenida Ana Magalhães  em  Jampruca . Durou pouco pois a vizinhança foi atrás da mãe dele.

Que derrota!   Em frente tinha a dona Flávia que não gostava muito de barulho e do lado o seu Gui Bastos.      Foi cartão vermelho pra todo mundo.

Mas apesar de tudo e da falta enorme daquilo que seria básico?    Éramos felizes.

Quando digo falta de tudo não estou usando metáfora!

A criançada ficava ao " Deus dará"!

Não existia creche ,ou ONG ,ou babá! 

A rua, a escola, a igreja  e os vizinhos que bem ou mal ,tomavam conta de nós.

Os pais tinham muitos filhos e mal davam conta de trabalhar para sustentar tanta gente... "e sempre cabia mais um", como diziam por lá.

A mãe de uma conterrânea,dona Maria de Colodino Serrador,vivia vendendo lenha para sustento de toda família, ela também trabalhava em plantações e colheitas.

Trocava a lenha vendida por .antimentos,  e o serviço na roça era para mantimentos da mesma forma.

Quando ela não podia ,as meninas iam nas casas costumeiras e se não conseguiam vender o feiche de lenha,trocavam por uma "cozinhada de arroz " ou qualquer mantimento.

Mas os detalhes eu conto no próximo capítulo.

Continua...

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