quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Do E- book Devaneios 2023

 




O sol tinha brilhado, ofuscando seus dias cinzas. E de repente tudo se acinzentou novamente. Parecia que a felicidade tinha voltado. Mas ela passou visitando. Ficou por dois minutos. Logo depois se despediu. Não ficou mágoas, porém reabriu feridas ainda não cicatrizadas. E os tons de cinza voltaram ao seu arco- íris. Não foi um amor à toa. Agora ela era outra pessoa, por causa do amor que ele tinha dado pra ela.  Talvez ela julgou um dia não ter merecido... Tiveram muitas idas e vindas. Despedidas e chegadas. Quase todas regadas de choro, de ansiedade e extrema paixão. As cores iam mudando e se colorindo. Iam furtivamente se tornando furta-cores.  Hora bem coloridas; hora sem cores nenhumas. E nesta loucura de indecisão, seus olhos sempre choravam. Lagrimejavam sozinhos, sem qualquer esforço. E então ela novamente pensava: as feridas estão sangrando…Não conseguia acompanhar seus passos.  Muito rápidos. Então ela ficou pensando na forma de dizer adeus. Não tinha outra saída. E a pergunta que ficava: Porque a amizade pode virar amor? porque outros podem fazer julgamentos aleatórios? Viver em harmonia poderia ser tarefa difícil. A inconstância das idas e vindas deixavam muita ansiedade e ela via que não valeria a pena aquela agonia frequente.  Chorava.  Sempre é sempre se repetia a mesma coisa: fins de semana no silencio. Desvairadamente silencioso. E as segundas que nunca chegavam.  E quando surgia o sol vinha a agonia do será. Será que vai ligar? Será que vai deixar mensagem? Ela sempre à mercê e ao bel prazer de uma espera infindável.  Então ela pensou: O amor não pode ser isto! Arbitrário! Dominador! Egocêntrico! Ilusório! Então chega!!!!!

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Auto- biografia parte 3

 

Muitas pessoas devem a grandeza de suas vidas aos problemas e obstáculos que tiveram de vencer.  Neste dia, um momento crucial e fechamento de ciclo na minha vida. Este homem caminhava ao meu lado. Estudávamos juntos, trabalhávamos juntos. Havia cumplicidade em tudo. Tinha sido um encontro. Uma amizade. Um amor para sempre… Era Edgard e Angela.  Sempre!  Um sempre tão breve. Foi abreviado por um trágico acontecimento.  Mas eita! Deixemos estas coisas tristes de lado.  Vamos recordar o passado bom. A saudade boa. Não quero uma gota de lágrima na minha auto-biografia.  Quero contar tudo que eu puder.  Sem esconder nada. Mas preciso omitir alguns fatos. Sinceramente!  Não vejo necessidade de trazer de volta tristezas, amarguras ou tragédias. Peço a licença de me ater apenas aos fatos bons e gostosos de ouvir ou ler.  Pois bem!  Ele viajava sempre. Ia para Rio de Janeiro. Ficava em Copacabana. Às vezes eu também fazia companhia. Muito raro, mas gostava de ir para o Rio.Mas ele  sempre viajava para América do Norte, fazia viagens de noventa dias ou mais. Sempre me convidava.  para viajar para exterior. Atravessar o mar. O oceano. Morria de medo de avião! Quando ele chegava de viagem, cheio de presentes, me contava por onde passou, tudo o que fez. Do trabalho pesado no “Sonho Americano”. Contava da neve, do gelo, do frio. Do lixo “chick” jogado na rua, Da vida sofrida dos latinos. Era muita história pra ser ouvida e contada. Os jardins maravilhosos.  Ele sempre enviava cartões-postais de lugares incríveis. Mandava pelos correios: fotos, cartões, cartas lindas(românticas), mandava roupas e outras tantas coisas úteis. Neste momento da foto estávamos terminando colegial. Cheios de planos, sonhos. Existia uma magia que tornava tudo fácil, acessível. Nossa escola estadual era simples.  Assim como todos nós  que a frequentávamos. A gente acreditava no amor. Acreditava nas promessas de dias melhores. A gente fazia planos e planos. Logo após o magistério nos casamos.  É uma nova história. Não demoro volto e conto tudo pra vocês.  Por enquanto ficarei por aqui.  Hoje o sono não quer chegar. As lembranças estão me visitando. Afinal, amanhã farei cinquenta e seis anos.  Assim me peguei refletindo nesta fase de trinta e oito anos atrás.  O tempo escapuliu pelos meus dedos. Nem vi. E hoje brincando numa roda de conversa entre parentes e amigos, pensei: e se ele ainda estivesse aqui…