sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

bio - continua( Jampruca)

Quanto mais a saudade doía,mais o desejo de ficar...Estática,naquela paisagem retrô.
Logicamente que aquela árvore não estava ali antes,  crédito dos novos moradores.
Estes que não fazem ideia das muitas histórias contadas naqueles degrais.
Os degrais também foram reformados , a pintura, o corrimão, os canteiros.
Tudo, exatamente tudo!
A essência ficou.
A que marcou nossas vidas.
É bom e ao mesmo tempo triste, pensar na monotonia dos cultos, das novenas e das festas de quermesse.
Tempos que ficarão na lembrança.
O cheiro de frango assado passando pelas pessoas.  O frango girava no prato, entre os párocos, leiloado.
Era leilão de frango, de capado, de novilha e tudo mais que a comunidade doava. O leiloeiro gritava as "prendas",na mesma simplicidade,tudo era festa.   Motivo de festa, mesmo porque a palavra festa tinha outro conteúdo:
   Praça cheia com pessoas conversando, proseando sobre mil assuntos.
Criança é sempre curiosa e ouve até o que não deve...
Quarenta anos passados e as  lembranças estão vivas na memória.
Uma alegria que pula de dentro, de uma adolescência bem vivida, sem malícia, medos ou neuroses.
Livre para ser...assim foi.
Com algumas restrições,porém com a liberdade de aprender e criar.
Olhando este céu azulado o tempo parece parar.
A amnésia engole todos os quarenta anos em um segundo e a vida se torna doce.
Utopia!
Quem dera correr novamente pelo pátio, encontrar as preás que fugiam do cercado.
Encontrar os amigos na brincadeira de pique-pega depois do culto.
Emcontrar a inocência de dias longos e fartos de nuvem, de sol , de rua, das cirandas, de beber água no Tororó e pular corda,amarelinha.
Congelar o tempo, prendê-lo pra não fugir.
Voltar ao mesmo dia que assim me vi partir.
Me vi crescer, correr, estudar e esquecer que aqui era meu lugar.
Meu corpo e mente foram buscar novos campos ,
entretanto minha alma ainda mora ali...
Onde vivi meus doze anos.
 (Jampruca)
...Lá pelos meu dezessete anos comecei estudar à distância de vinte e cinco quilómetros de casa. Pegava ónibus munipal,que a prefeitura cedia graças a Deus.
Entre trabalhis,idas e vindas,tive o privilégio de conhecer o meu futuro esposo.
     Tempos que fazem o coração estremecer,lembranças boas e também doídas...dolorosas até.
   Assim que terminei o ensino médio,no mesmo ano casei-me!
Numa labuta diária entre ser docente no pré-primário e ser esposa,dona de casa e anexos.
Tudo passou num estalar de dedos...Veio a viuvez ,e eu tinha apenas vinte oito anos.
Viúva e com dois filhos pequenos .  Uma missão quase impossível....

Angela Matos MG

2 comentários:

  1. Lembranças que a memória guarda. Em Jampruca vivi e quase morri. Dejanira, Dona Bertini, Iracema, professoras e Terezinha, meu primeiro amor. Delegado Matias e Cabo Adão, lembrança ruim. Aplausos, Angela, amiga e parceira de letras. E conterrânea.

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  2. Obrigada Stanislau.
    As lembranças nem sempre são boas.
    Registros pra minha autobio.
    Obgda por ler.
    Continuo escrevendo a biografia, bem granulada,mas está indo.
    Abçs

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