terça-feira, 27 de novembro de 2018

ainda Jampruca(autobio)

                .....autobio,continua...



        Domingo a tarde e a cidade parecia um deserto.  vez em quando uma alma perambulava por um canto ou outro, mas meus olhos filmavam aquele nada de cidade que um dia foi tudo para mim,meu berço e minha vida.
        Tudo parecia menor, sem cor. Casas descoradas, com as paredes caindo reboco pelo lado externo. Paisagem desoladora em algumas partes desta retrospectiva dominical.  Meu olhar se deteve nas crianças que por alguns momentos apareciam olhando de soslaio, desconfiadas, curiosas....quando me deparei com a ponte minha surpresa foi maior, lembrar que em 1969 aquele rio transbordava toda vez que chovia um pouco além da conta.  Grande enchente se fez naquele ano, pessoas perderam tudo que quase não tinham.  Olhando agora este espaço simples, estreito demais e pequeno, onde um carro precisa dar preferência ao outro, pois não cabem os dois na ponte. E ver hoje um córrego lamacento e com cheiro forte, cheio de mato invadindo o leito dele, com águas turvas e some aos poucos a cada ano.  Ouvi boatos que em 2016 ele chegou a secar por completo,,,Entristeceu meu coração recordar momentos que não voltam mais. De testa franzida e coração triste ainda animei passar na rua da vovó Bonifácia...saudades sem fim.   A casa continua no mesmo local.  À rua Caratinga, com algumas modificações na fachada, talvez no interior também,porém a mesma casa onde passei a maior parte de minha adolescência.  Continuarei lembrando de todas as tarefas que arduamente eu cumpria, com zelo aprendi com vovó a ser metade do que represento hoje.
      Pois bem!   Olhando aquele lugar ,que para mim representa minúsculo agora...a igreja , o jardim em frente dela, a escadaria que se transformou em rampa( novos tempos), a casa pastoral do lado onde vivi a infância, a irmã ADA, pessoa que marcou minha lembrança por ser caridosa e bondosa naturalmente.
        Estranho reparar o impacto de tudo parecer ter diminuído de tamanho,  e minha minha mente viajando tempo.   Emoções únicas vividas neste tempo que se esvaiu  juntamente com minha juventude que ficaram para trás, mas não os sonhos, porque continuam os mesmos.   As missas , as brincadeiras ,os primos e as primas.   Quase todos eram parentes  e de súbito uma garotinha me desperta:
------ Quer comprar chuck moça..perguntava sorridente... Fiquei questionando minha mente: também já passei por aqui, vivi, brinquei e trabalhei por estas ruas.   e porquê agora tudo se tornou longínquo como sonho.  um filme que sempre reprisa no mesmo capítulo.  algumas pessoas que vejo posso lembrar-me  do nome,semblante ou a família; outros nem reconheço mais.  gerações novas que se perderam , para mim , no tempo e espaço de  trinta anos de ausência.
      Continuo pensando se seria diferente, mas cada um traça seu próprio caminho...o meu não tem sido diferente!  lutas, embates,conquistas, sonhos interrompidos ; outros sonhados ou renovados ao longo dos dias.
Interessante!  O vigor e alegria me acompanham sempre, não tenho sentido o peso das primaveras.  Me trás alegria saber que todas as mudanças foram para melhor. Vidas que se passaram no tempo  ficaram em minha memória e serão eternamente lembradas. as ruas se acabam e fica ainda a sensação de que algo ficou por viver.   Passou!  O vento soprou anunciando uma chuva forte por vir. que rapidamente deveria pegar a estrada para casa.  A estrada sumia, da mesma forma que meus sonhos e lembranças.  Ficavam para trás no retrovisor do carro...Melancólica viagem nesta cidade, onde breve estarei para continuar minha história que aos poucos vou desenrolando ,fio a fio.





Angela matos ( MG)



Nenhum comentário:

Postar um comentário