...Ainda do passado e continuo falando ...minha auto-bio .
com pesar tenho lembrado de fatos deveras tristonhos. Hoje um pouco down,mas de alma livre.
Tudo se passa numa tarde fresca,sem nuvens densas.Apenas nuvens. Nuvens dentro e fora do meu coração. A paz reinava naquele lugar. Tudo conspirava em favor das crianças,mas ninguém imaginava o porvir. Distante e com os olhos pregados de sono, esperava minha mãe terminar o doce de banana.
Ela sempre ajudava os moços a dar ponto no doce. Não era muito fácil esta tarefa. Sete filhos para cuidar ,e todos bem levados.
Assim que o sono me tomou , resolvi ir para cama sozinha. Porém tinha nos pés um chinelo de alguém, um bem grande. Nem sei bem onde tinha encontrado. Nem prestei atenção que tinham colocado o tacho com doce no chão . Certamente era para esfriar.Hoje tenha consciência disto, mas como dizia, não vi mesmo.
E foi assim ,grogue de sono, pelo pouco que tenho memória,caí direto dentro do doce...
Só me lembro de segurar firme na alça do tacho para não afundar totalmente nele. Estava muito quente, apesar de ter uma crosta como nata por cima do doce de banana.
Os gritos vieram em seguida. Os meus se misturavam com os das pessoas que viam acudir. Desesperador. Penso que estou contando de forma superficial. Não tenho como mensurar o que minha mãe sentia naquele momento. A palavra que encontro: pavor!
Um corre,corre sem fim. Os vizinhos e a rua toda vinham
ajudar..
Minha mãe com tesoura,precisava cortar meu cabelo cheio de doce, minha roupa também cheia de doce...Eu?- Pois bem, só sabia chorar aos gritos. Hoje já me esqueci da dor,mas deve ter doído muito. Com certeza foi difícil. Apenas lembro-me de ter passado meses dormindo em folhas novas da bananeira. Parece ironia,mas não. A única forma de manter as queimaduras em processo de recuperação. As folhas da bananeira não colavam nos meus ferimentos, foi o que disseram. pois na época não se envolviam em faixas ou ataduras. Nem sei pois era muito pequena.Tinha apenas quatro anos de idade. Passava por lá algumas pessoas ensinando remédios mirabolantes para que os machucados sarassem logo. Resumo:graxa branca pra carro! Este foi o tratamento. E não estou brincando. Coisas de povo antigo,nem sei como sobrevivi . Mas cá estou eu, coberta de manchas,marcas. Na pele e na alma. Tenho uns mapas por toda perna e coxa, braço e ante-braço. De tudo que vivi ou não aproveitei resta muito ainda para ser relatado, uma epopeia.
O falatório da cidade inteira ecoa longe agora e as manchas que restaram são apenas marcas. Nunca deixei que elas impedissem minha felicidade ou sufocassem meus sonhos.
Outros fatos também tentaram , sem êxito tirar minha alegria de ser, de viver as oportunidades que a vida me proporciona.
Caminho sem medo de tropeçar de novo. Afinal eles são feitos de falhas,quedas, mas sobretudo de levantar e caminhar de novo. E todas as vezes o caminho se torna mais prazeroso. Retornar a este momento da infância , de marcas,trás o frescor de dias que virão,de recomeço sempre.
com pesar tenho lembrado de fatos deveras tristonhos. Hoje um pouco down,mas de alma livre.
Tudo se passa numa tarde fresca,sem nuvens densas.Apenas nuvens. Nuvens dentro e fora do meu coração. A paz reinava naquele lugar. Tudo conspirava em favor das crianças,mas ninguém imaginava o porvir. Distante e com os olhos pregados de sono, esperava minha mãe terminar o doce de banana.
Ela sempre ajudava os moços a dar ponto no doce. Não era muito fácil esta tarefa. Sete filhos para cuidar ,e todos bem levados.
Assim que o sono me tomou , resolvi ir para cama sozinha. Porém tinha nos pés um chinelo de alguém, um bem grande. Nem sei bem onde tinha encontrado. Nem prestei atenção que tinham colocado o tacho com doce no chão . Certamente era para esfriar.Hoje tenha consciência disto, mas como dizia, não vi mesmo.
E foi assim ,grogue de sono, pelo pouco que tenho memória,caí direto dentro do doce...
Só me lembro de segurar firme na alça do tacho para não afundar totalmente nele. Estava muito quente, apesar de ter uma crosta como nata por cima do doce de banana.
Os gritos vieram em seguida. Os meus se misturavam com os das pessoas que viam acudir. Desesperador. Penso que estou contando de forma superficial. Não tenho como mensurar o que minha mãe sentia naquele momento. A palavra que encontro: pavor!
Um corre,corre sem fim. Os vizinhos e a rua toda vinham
ajudar..
Minha mãe com tesoura,precisava cortar meu cabelo cheio de doce, minha roupa também cheia de doce...Eu?- Pois bem, só sabia chorar aos gritos. Hoje já me esqueci da dor,mas deve ter doído muito. Com certeza foi difícil. Apenas lembro-me de ter passado meses dormindo em folhas novas da bananeira. Parece ironia,mas não. A única forma de manter as queimaduras em processo de recuperação. As folhas da bananeira não colavam nos meus ferimentos, foi o que disseram. pois na época não se envolviam em faixas ou ataduras. Nem sei pois era muito pequena.Tinha apenas quatro anos de idade. Passava por lá algumas pessoas ensinando remédios mirabolantes para que os machucados sarassem logo. Resumo:graxa branca pra carro! Este foi o tratamento. E não estou brincando. Coisas de povo antigo,nem sei como sobrevivi . Mas cá estou eu, coberta de manchas,marcas. Na pele e na alma. Tenho uns mapas por toda perna e coxa, braço e ante-braço. De tudo que vivi ou não aproveitei resta muito ainda para ser relatado, uma epopeia.
O falatório da cidade inteira ecoa longe agora e as manchas que restaram são apenas marcas. Nunca deixei que elas impedissem minha felicidade ou sufocassem meus sonhos.
Outros fatos também tentaram , sem êxito tirar minha alegria de ser, de viver as oportunidades que a vida me proporciona.
Caminho sem medo de tropeçar de novo. Afinal eles são feitos de falhas,quedas, mas sobretudo de levantar e caminhar de novo. E todas as vezes o caminho se torna mais prazeroso. Retornar a este momento da infância , de marcas,trás o frescor de dias que virão,de recomeço sempre.